[gnucash-br] RES: Extensão do Chrome para converter páginas de extrato/cartão em OFX ou QIF

Adonay Felipe Nogueira adfeno em openmailbox.org
Qua Jun 28 21:16:37 EDT 2017


Concordo plenamente com tua objeção sobre alternativas baseadas na
web. Os ativistas do software livre ("free/libre software" em inglês),
diferente dos proponentes do código fonte aberto ("open source" em
inglês), tendem a pensar 1000 vezes antes de fazer esse tipo de
"estrutura baseada na web", justamente pelos possíveis problemas que
isso causa ao usuário, que geralmente fica dependendo de um serviço como
substituto de software (SaaSS) --- apesar disso, nem todo o serviço na
internet é SaaSS ---, o que é misturado com outras coisas completamente
distintas, cujo o resultado da mistura é vagamente chamado de "núvem",
termo que *não deveria existir*, visto que este é apenas o computador de
outra pessoa e pois o termo esconde os problemas já descritos sobre
SaaSS e JavaScript não livre. Todos os problemas como o SaaSS, o
confuso termo "núvem" e o JavaScript não livre são criticados pelas
campanhas da Free Software Foundation e de suas organizações-irmãs (Free
Software Foundation Latin America, Free Software Foundation Europe,
etc.). :)

Além disso, como ponto opcional que é geralmente parte da preocupação
dos ativistas do software livre: estas "estruturas baseadas na web"
levantam outra questão: padronização. Como garantir, por exemplo, que a
lista de contatos de uma empresa seja mantida em algo mais portável como
uma lista de vCards, ao invés de um banco de dados próprio quase
inelegível ou quase difícil de levar para qualquer lugar, ou quase
difícil para levar entre diferentes dispositivos, móveis ou não. Durante
minhas consultorias voluntárias, frequentemente recebo contatos de
empresas que estão puxando seus cabelos pois a outra empresa que vendeu
para eles um software privativo (não livre) decidiu usar um banco de
dados para guardar informações sobre contatos e ordens de serviço, além
do que na maioria dos casos a empresa vendedora se recusa a atender os
aprimoramentos pedidos pelo cliente (por isso a importância das
liberdades essenciais do software) ou ela e seus
"fornecedores/customizadores selecionados" não existem mais.

Não estou dizendo que a integração entre "estruturas baseadas na web" são
sempre imperfeitas e não integradas com padrões internacionais e
formatos amigáveis ao software livre. Longe de mim afirmar isto, haja
vista que não sou desenvolvedor avançado. Estou apenas dizendo que o que
se vê comumente nestas "estruturas baseadas na web" é esta falta de
integração ou padronização.

Adicionalmente, é importante observar que software livre não é sinônimo
imediato/absoluto de "perfeição", "segurança", "amigabilidade", ou
"facilidade", mas ele é o único que pode fornecer estes através da
colaboração e comunicação entre usuários e contribuidores de forma
contínua, ao invés de deixar cada usuário com uma "caixa preta" ou com
uma "jaula dourada". Assim, pressupõe-se que os usuários deixem de ser
passivos/receptores, e passem a, ou se comunicar com os fornecedores
originais e contribuir (com ideias, aprimoramentos, ou dinheiro) com o
desenvolvimento do projeto; ou contratem (ou arranjem) qualquer pessoa
de sua confiânça para fazer isso. Além disso, a segurança e privacidade
só é possível com software livre, observando porém que software livre
não é obrigatoriamente gratuito (e nem se pode obrigar, se não fere as
liberdades 2 e 3), nem *apenas* transparente (pois esta corresponde
apenas a metade da liberdade 1).

Sobre o GNU Savannah e hospedagem de projetos para várias plataformas: O
GNU Savannah também permite hospedagem de projetos objetivando rodar em
qualquer plataforma. Observe que a referência que fizeste à página do
GNU Savannah não é oficial, ela lista apenas *recomendações*. A oficial
encontra-se em
[[https://savannah.gnu.org/register/requirements.php]]. Além disso,
podes fazer um projeto para rodar em smartphones, tablets, notebooks,
computadores de mesa, servidores, Android, Windows, GNU+Linux, etc.,
desde que teu projeto não dependa em software (ou dados funcionais, para
ser mais abrangente e exato) não livres, e que teu projeto seja feito
para rodar *primariamente* em distribuições de sistemas livres, sejam
elas GNU (e.g.: Trisquel, que substitui o Ubuntu. Lista completa e
*atualizada* em: [[https://www.gnu.org/distros/free-distros.html]]) ou
não GNU (e.g.: Replicant, que substitui o Android. Lista completa e
*atualizada* em:
[[https://www.gnu.org/distros/free-non-gnu-distros.html]]).

Opcionalmente, teu projeto pode ser feito para rodar em distribuições de
sistemas não livres (e.g.: Windows, Android, iOS, macOS, GNU+Linux
SteamOS, GNU+Linux Debian, GNU+Linux Arch, GNU+Linux Fedora, GNU+Linux
Educacional). Mas é importante não levar isso como um requerimento para
as contribuições feitas ao projeto (exemplos disso incluem o
desenvolvimento do GNU Emacs e do GNU IceCat, que apesar de aceitarem
contribuições e binários para que estes rodem no Windows, não estipulam
isso como prioridade ou requerimento, assim, a pessoa que contribui com
um aprimoramento apenas para distribuições livres não deve se sentir
obrigado a sair caçando um dispositivo com distribuições não livres
apenas para implementar os mesmos aprimoramentos ou para fornecer um
binário, haja vista que a pessoa provavelmente não tem tal distribuição
não livre sempre disponível para ela, o que não é verdade para as
distribuições de sistemas livres).

Sobre os mais diversos sistema de controle de versão (e.g.: Git,
Mercurial, Subversion, GNU Bazaar, Darcs, Aegis, Fossil) e os
fornecedores de serviços de hospedagem de repositórios (e.g.: GitHub,
GNU Savannah, GitLab, BitBucket, NotABug), a questão que ainda está vaga
aqui é: qual sistema de controle de versão você considera importante
para teu trabalho? Quem sabe, dependendo do caso, podemos sugerir ao GNU
Savanah que aprimore o Savane (o software que fornece o site, e a
integração entre todos os recursos disponibilizados no GNU Savannah e em
outros fornecedores que usam o Savane). É tudo uma questão de realmente
entrar em contato e dar feedback. Neste sentido, estou tentando atuar
como facilitador.

Além disso, conforme a definição de software livre
([[https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.html]]), as "liberdades" em
questão dizem respeito à liberdade *do* software, não "de software",
para mais informações veja
[[http://acesso.me/blog/a-liberdade-do-software-e-a-sua-liberdade-sao-a-mesma-coisa/]]. Digo
mais, a liberdade *do* software é prerequisito para que haja liberdade
*de* software na sociedade (*em geral*, não apenas de públicos
seletos). Isso vem sendo questionado com frequência, por exemplo, na
lista geral dos organizadores brasileiros do Festival Latino-americano
de Instalação de Software Livre, na qual a maioria dos participantes da
lista ainda confunde os dois termos.

De qualquer forma, como já deixei claro várias vezes nesta mensagem:
estou à disposição. :)


Respeitosamente, Adonay.


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